quarta-feira, 14 de julho de 2010

II

Não há mais verdade no que ela chama de vida, nem um pouco de sinceridade dos que ela chama de família e amigos, e tudo que ela precisa é de algum tempo desperdiçado com palavras, as palavras simples e fortes que alguém poderia sussurar perto dela. Ela tem aquela fragilidade enrustida, aquela fraqueza que se esconde atrás de ignorância e vai sumir, vai sumir um dia, quem sabe, talvez, pode ser, ela não sabe, ela não quer saber. Alguém diga a ela o que fazer para ela fingir que não escutou e então fechar os olhos e respirar, e expirar e inspirar, várias vezes. Não deseja um cheiro ou um olhar de pena, ela quer um abraço e um 'vai ficar tudo bem'. Na verdade nem isso quer, ela quer só para ignorar, ela quer só para virar para si mesma enquanto observa as cores por aí e pensar que é forte, que pode.
Não a procure, não a deseje, não a acalente, ela não é capaz de receber quaisquer que seja o sentimento além dos ruins, ela os costura calmamente dentro de sua cabeça e os transforma em desespero, um desespero sem igual, o desespero que a fará arrepender-se para sempre, tido que o sempre é apenas a vida que levará durante esse tempo que ainda tem, só contando que será daqui alguns bons anos.
Ela não vai parar, ela prefere as pequenas satisfações ilusórias de agora, ela prefere ter no que pensar, ela prefere pensar no que não a levará a nada do que tomar alguma decisão. Ela percebe que é mal, que é má, ela não se engana quanto à isso, ela só se engana quando há saída.

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