domingo, 27 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 07

Creio que esta seja minha última carta destinada à ti, e eu ainda não sei dizer o efeito que isso terá sobre mim.
Tenho certeza que nem se recorda do meu nome, que dirá da minha imagem, minha voz, meu cheiro e meu jeito. Porém, eu me lembro bem de todas as coisas, todas, meu bem. E fico imaginando se eu deveria me comunicar, mesmo tendo a convicção de que eu já sou passado sem importância dentro da tua cabeça.
Queria ao menos ter acesso à essa sabedoria, à ideia do sim ou do não, vindo de você. Mas não não posso, porque se ainda houvesse alguma ponta de desejo por mim em você, eu não estaria aqui exercitando minha memória, mas sim, contando meus estranhos sonhos a ti enquanto sinto tua pele sobre a minha.
Confesso que temi muito esse momento, o instante em que eu me cansaria de ser a única interessada numa relação inexistente, a chegada da sensação de que minha cota de tempo destinada à você, esgotou-se. Veja, não é um sentimento confortável, é como andar na garoa quando se está de mal humor: se estivesse feliz, estaria sendo ótimo. É bem isso, se houvesse alguma correspondência tua, o efeito que pairava sobre mim no começo não teria se dissipado.
Eu sinto dizer isso, tanto que fugi do papel para não encarar essa realidade. Longe de meu encanto por você ter diminuído. É que nada solitário se iguala à um prazer em conjunto e minhas forças para expressar uma beleza que você certamente não vê, estão no seu amargo fim.
Não o meu, nem o seu ou até o nosso final, mas sim, daquilo que me movia a escrever mais cada vez que me exaltava por ti, a cada sonho, a cada batida mais forte do meu coração fraco e, a cada situação totalmente imaginada.
As minhas palavras ficam escassas diante disso, honesta e misericordiosamente. Você foi o meu sorriso, meu fôlego minhas alucinações e meu lamento por um tempo. Felizmente, isso não significa que se foi, mas, por infortúnios, o radiar dentro de mim não se deve mais à ti.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 06

Só estou escrevendo porque você me surpreende, mesmo (você e os teus pensamentos) estando bem longes de mim. E eu que achava que depois da minha última carta meu sentimento por ti havia diminuído! Fui ensinada que nada é tão bom como o que vem inesperadamente.
Acordei às quatro e cinquenta da manhã, por tua culpa. Não pelo abraço longo e que me trouxe lembrança do teu cheiro, nem pelos beijos trocados romanticamente mas sim pela luta que travei, uma luta sem sentido e perdida, já que no final de minha boa ilusão, eu me encontrei desesperada e sem resposta, tua.
Não é de meu agrado que eu fique assim, abandonada por essa sensação que, de nada valerá negar, você também sente. Creio que ninguém além de mim faça alguma ideia de como eu ficaria alegre, e como isso duraria por semanas se, ao menos recebesse uma mensagem tua, um telefonema que me desse acesso à tua suave voz.
Nem sei ao certo à que sentimento devo dar atenção, à felicidade que transborda quando você surge ou à tristeza que aparece quando me lembro que não passa, nem passará, de algo platônico.
Me encontro nesse dilema, terrível. Por um lado me delicio escrevendo detalhadamente sobre ti e as tuas características que me seduzem, saboreando uma doçura e beleza sem iguais. Porém, pelo outro, sinto náuseas ao pensar que haverá esse pedaço e esses atos que nunca se consumarão, e às vezes, simplesmente abaixo minha cabeça e inevitavelmente, meu sorriso me deixa.
Querendo ou não, terei de aceitar esse ar vago que o lado ruim me traz, já que és a motivação dos meus dias de agora, o que eu busco nos meus sonhos, o que me arranca suspiros e o que me mostrou esse misto tão bonito de paixão adulta com inocência adolescente e certeza correta e erro inevitável.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 05

Eu te sinto tão forte que parece que ainda estou ao teu lado, meu cabelo no teu ombro, minhas palavras inúteis bem ao pé do teu ouvido. É possível ver esse ar calmo que exala de mim desde que te conheci, te abri um espaço aqui dentro, e nos despedimos.
O desejo é tão forte! Quem sai vencedora nisso é minha imaginação, tão criativa e, claro, eu que desfruto sozinha de momentos que nunca existiram.
Incrível como cada traço teu fica mais forte quando eu dou a liberdade à minha mente. Teus olhos tão vivos, tão empolgantes, tua boca tão vidrante. Juro que em certos momentos me deixo levar pelo impacto que lembrar dela traz e são nesses em que experimento todo o sentimento, cru, nu e tão delirante.
Vejo nós dois, apenas nós em nenhum cenário, vejo você e todos o esplendor, a beleza e esses olhos que me deixam tão sem jeito; consigo sentir tua boca explorando a minha e me percorrendo como um doce, com o único objetivo da satisfação, até o lugar onde nenhum outro teve acesso. Você percebe minha relutância em contraponto com esse desejo que arde, se volta para mim, para o rosto que eu esconderia se pudesse pois tu, és tão mais que eu! Mas então se tornou minha vez.
Com essa inexperiência, vou tão rápido ao seu ponto crítico que nem percebo que já passou da hora de algo estranho à mim acontecer. Só que sou daquelas que gosta de brincar e no meu jogo, minhas vontades são feitas.
É a vez da minha boca, minha mente voando e girando em meio ao cosmo de tão alta a pressão e temperatura, mil beijos selados em teu pescoço, nuca, boca, peito, quadris, tudo! Tudo o que me leva à esse estado está aqui, e eu me deixo à sua vontade agora, pois nesse ato, as sensações são tão profundas quanto os gemidos e esses, por sua vez, nos mostram que ainda há algo por vir.
Algo que você me mostrou, e, por ser só esse jogo que meu cérebro mostrou em images para me distrair, eu continuo emanando essa carência que incrivelmente só precisa de você para saciar, à si e à mim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 04

Você me fez esquecê-la ao mesmo tempo em que me encantava. É clichê, mas a primeira vez que te olhei eu suspirei internamente com toda a força de uma coisa que eu não sei explicar. Só me deixa dormir contigo ou passar outro dia ao teu ado. Apesar d'eu ficar envergonhada sempre que vira teus olhos na minha direção, eu prefiro que eles me deem alguma atenção de verdade e não esse vago brilho que eu imagino que tenham quando recebe minhas mensagens.
Me satisfaço só de pensar em você. Eu rio quando lembro de suas frases, sinto vontade de voltar a massagear suas mãos menores que as minhas, meus dedos se esmagam em si mesmos se me recordo dos movimentos no teu cabelo, tão arrumado e atrativo, como tudo que minha memória me deixa ter acesso. Esse sorriso que surge em flashes quando fecho os olhos, a minha vergonha e cabeça baixa por ser tão irresistível.
Me faz falta ter alguém que me dê um frenesi, uma vontade, só que isso se multiplicou pela distância de um ano-luz contigo; creio que seja porque seus sentimentos por mim não são nulo mas, a cada situação ocorre algo diferente e, essa é a vez de o motivo pelo qual meu sorriso bobo me invade a todo momento, ser você.
Você e todos seus significados subliminares, você e a minha vontade de você, você e sua atitude, suas piadas, seus afagos de cabelo em mim, sua desculpa fraca. Você e a sensação de que é melhor eu sugar tudo daquele único dia porque nem ao menos me responde mais.
Eu sinto muito pela minha idade, sinto muito por não ter o tipo de voz que me aproximaria mais ainda e até, por não ser tão bonita, tão doce ou tão mulher. Mas isso não significa que você será esquecido, longe disso. Ainda extrairei textos e, quem sabe, histórias de ti.
A verdade é que nem os pontos negativos conseguem ofuscar toda essa luminosidade que trouxe à minha vida, esse ar fresco e correto, esse querer que me consome, esse romantismo que se mescla com sexualidade, bom o suficiente para me convencer que vale a pena me entregar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 03

Cheguei ao ponto de criar eventos e situações só dentro da minha cabeça para te ter por perto; parece que quanto mais penso em você, mais presente você se torna, menos longe de mim fica.
Engraçado que você não deve refletir tanto quanto eu e na verdade eu não o faço muito mas, quando o faço, guardo as esperanças bem longe da mesa de trabalho, pois ficará difícil se eu as incluir nessas pequenas ilusões diárias que, secretamente, me mantém agitada ao longo do dia.
Esse telefone que não toca e essa caixa de mensagens que não recebe nada. Essa lacuna. De certo modo, isso é momentâneo, mas exala quando sei que iremos e nos encontramos, como um ímã que fica mais forte à medida que se aproxima de outro.
É uma carta mais curta que as usuais, simplesmente porque eu ainda não sei explicar o que acontece comigo, com você.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 02

Algo no ato de pensar sobre você ou na maneira como/quanto/porquê o faço soa tão errado. Parece-me que minha mente condena isto, e é indiscutível porque, sempre foi diferente e fora do comum eu passar tanto tempo com uma só ideia na cabeça.
Dói sentir sua falta. Olhar para o lado e não te ver, com seus trejeitos tão fortes. É mais um espaço em branco na minha vida a preencher.
A pior parte é o partir. As despedidas mal feitas e o olhar, desesperançoso, a lucidez quando se percebe que já foi. Como se com você, tivesse ido meu ar, meu pulso e qualquer outra coisa vital que possa ser arrancada. Como se as memórias que tenho de você, dos nossos momentos e aconchegos, tenham sido levadas pelo simples movimento dos teus pés na direção oposta ao meu encontro.
Eu criaria um universo para você, só para ti. E esse sede de te impressionar já me tem cansado, pois, a cada adeus, meus sentimentos se apertam mais um pouco lá no fundo, quase chegando a ser cravados num lugar ao qual ninguém dá atenção.
Meu desejo da sua respiração sobrepondo a minha e dessas carícias que eu insisto em acreditar que só você pode me mostrar, é cego e irreal. Mas eu sinto, e cada vez que consigo encontrar seus olhos, ele ferve. Explode e eu tenho de me controlar para não invadir seus lábios e calá-los, para não lhe mostrar como gosto das mãos em minha cintura e nem arrancar-lhe trajes e suspiros.
Fico me perguntando qual parte é mais árdua: a de resistir aos dias sem resquícios seus em nenhum canto ou a de resistir à sede que surge ao te ver.
A questão é que, meu bem, para não ter de enfrentar tudo isso, eu deveria ter resistido primeira e totalmente à você.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Carta de amor nº 01

Senti imensuravelmente sua falta esses dias, horas, minutos e segundos. Passeei pelos jardins daqui e procurei seu cheiro em cada flor que avistava, mas tu, amada, é inigualável.
Decidi portanto, escrever e soltar minhas palavras, na tentativa de aliviar a carência (não que eu tenha botado fé nisso); sendo assim, aqui estou armada e desesperada.
Estive pensando em tudo que me encanta em você, entorpece-me e vira-me do avesso. Sua boca, tuas mãos, o modo como extrai de mim risos envergonhados. Relembrar destas pequenas coisas aos teus olhos me leva ao longo do dia, mantém a vontade de você viva dentro de mim, essa saudade.
Peço perdão e desculpas, até misericórdia, por alguma ofensa que sentiste relacionada à um fato vindo de mim. Nunca será minha intenção magoá-la, ferí-la ou desapontá-la, porém, espero ansiosamente que compreenda minhas limitações, e trate delas como se fossem as que você diz ter (mesmo que até o momento eu não tenha encontrado nenhuma sequer).
É que mesmo sob o seu feitiço, sou toda verdade e vergonha; de quando em quando sou puro instinto natural, pura sede insaciável, aspectos que não aprendi a controlar, por enquanto.
Contudo, a visitante frequente dos meus sonhos ainda é você, com delicadeza e brutalidade mistas dentro das fantasias que eu mais desejo que se tornem reais. Na alvorada, meu despertar é por ti e na calada da noite, a coragem surge de sua imagem que meu cérebro projeta automaticamente em minha mente quando suas marcas ressaltam por objetos, odores e pessoas. Em outras, não sei explicar o motivo desse fenômeno.
Essa parte final é importante e entenda que não se trata de descaso ou falta de (procurar) palavras que se encaixem aqui. Deveria finalmente expôr meus sentimentos e deixá-la com beijos carinhosos e uma despedida longa.
Mas, felizmente, consegues me levar à outra dimensão, onde essas palavras são poucas perto do que realmente estamos pensando. Honestamente, o estado e que fiquei e permaneço até agora mergulhada é, e eu espero que continue sendo, mágico, especial, terno, complementar e tão, mas tão inexplicável.