sexta-feira, 10 de junho de 2011

Iniciando junho

Posso dizer tantas coisas aqui, que fico atordoada de pensar no que eu realmente deveria colocar em palavras, o que tem de ser expulso de mim, jorrado pelo papel e em digitações rápidas.

Afirmo que as estações frias me fazem bem. Elas tornam todo o meio externo favorável ao meu meio interno. Ao meu ser. Quando eu tiro a blusa de frio no meio do vento, é porque eu preciso sentir. Eu sinto pulsando dentro de mim uma compatibilidade, e isso acontece quando tenho espamos e minhas extremidades ficam insensíveis e roxas, é tão, complementar. Age como um tradutor e une a calamidade fria de mim com o vento gélido soprando os fios de cabelo no rosto. É surreal.
Não sei se consegui mostrar meu ponto. De repente, você encontra algo que seja tão similar a você que faz a dor ir passear, faz com que tu se encontre no meio de uma multidão só porque lavou as mãos na água a cinco graus Celsius. E, no mesmo momento em que a água corta sua pele, incendeia algo muito grande em você. Essa compatibilidade coloca fogo no seu ser.
E bastou a faísca da estação para te colocar de volta em você mesma, veja bem, é só a mudança na posição do planeta que te fez ficar assim, radiante durante os dias em que o astro maior se recusa a aparecer durante um tempo. E, eu sinto. Começo finalmente a parar de fingir as emoções humanas e me mostro rica em expressões e palavras bonitas, porque durante o frio, é mais agradável, porque é mais agradável quando se sabe quem é.
Eu rio, eu como, eu beijo, acalento, abraço e aconselho. Me torno única durante esses meses, tornando-me ao mesmo tempo, incrivelmente mutável. Decido o que vou ser. Assim, uma vez encontrado o que tenho na realidade, encarando meus problemas em meio à gotas da garoa matinal, revejo os conceitos e mudo, transformo, agrego e desapego. Então, eu fico feiz não somente por me encontrar, mas por me recriar. Moldada, descontruída e refeita. Como eu disse, é surreal.
Por isso quando estou quieta, sozinha, não me deixe. Me dê atenção, provoque-me, irrite-me, faça algo. Nem sempre as minhas mudanças são boas, às vezes são só o desespero correndo entre meus atos, enquanto eu fico estática esperando passar, aproveitando a sensação térmica de poucos graus. Em algumas delas, sei de verdade o que estou fazendo, mas nunca sei diferenciar as duas situações. Só sei de uma coisa: o outono e o inverno estão comigo.

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