domingo, 18 de setembro de 2011

Distração

Os entorpecentes ilícitos e as risadas e os carinhos e brincadeiras: eles são letais. São viagens ao espaço com vácuos imensos ao redor: eu estou ali, tenho pouca sensibilidade, estou presa e quase engasgando. Então eu morro.
Revivo e desmaio novamente, dou voltas e retorno à mim, a dor diz "Olá". Os espamos, a queimação, a angústia. A desordem que é tão companheira minha entra sem pedir permissão e vai tirando tudo do lugar, como quem se acostumou à vida simples duma única pessoa. O sentimento visita-me constantemente após as festas, bebedeiras, conversas ou ataques de riso; ele sabe a hora de entrar e acabar com tudo.
Seria repetitivo dizer que dói. Na verdade, chega uma hora em que você não sente tanto porque já se acostumou, então eu pego os trocados e compro as primeiras coisas que me vêm à cabeça, devoro com a rapidez de um viciado e acabo me entregando ao mundo novamente, à sorte. 
Não dá pra medir uma coisa dessas, não tem como explicar e retratar o sentimento. Todas as tentativas ficam meio vagas, mesmo com tantos adjetivos e metáforas. Ficam meio vagas não porque é preciso esvaziar a mente para preechê-la outra vez, mas sim porque, acontece o contrário do que eu quero: me perco nas palavras e acabo não chegando em lugar nenhum.
Talvez não seja tão dolorido, na verdade, e isso seja drama de garota jovem. Ou quem sabe eu não tenha nada pra dizer e acabe inventando desculpas poéticas para colocar aqui. Quer seja o modo, ainda tem algo em mim, e eu preciso tirar daqui.
Nas vezes que ressucito dos transes, parece que não há vida e que nunca houve. Umas poucas palavras podem acabar com tudo e o meu controle refazer a derrota sobre as substâncias. Soa fantasioso, mas você só vai conseguir parar quando quiser parar. E isso serve pra qualquer coisa.
Então durante a noite eu ainda vou acabar procurando coisas que me levem pra longe da sujeira que está minha mente, seja em forma de telefonema, remédio ou leitura. Você acaba se virando, essa é a lei. Uma vez que já morreu e tornou à vida tantas vezes, você aprende que não tem como não ressurgir depois das coisas ruins. E eu aprendi que não há nada que você não consiga arrancar de si, seja com drogas, pessoas ou fé.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Curto

E eu que me criei a esses modos tão mutáveis e essa boca tão fraca em questão de mentira e esses pés tão andantes e esse rosto tão cansado; eu que me criei antes do abrir dos lábios e depois da última lágrima; eu, eu continuo forte.
Dessa vez não se trata de consciência interna, mas de estímulo externo, caro leitor. Falo sobre a conspiração, melhor, da noção dos bons atos uma vez que me deixei absorver a carícia durante a surra que levo da vida todo miserável dia, falo sobre a delícia que é respirar uma vez que o estômago foi atingido. Eu falo sobre o sabor de ser alguém após a derrota.
Digo mais, que a dor lhe mostrará como agir sobre a maior parte dos acontecimentos e que, uma vez sentida, voê anseia por mais. Não, não é desejo audacioso, podemos encara como a sede de um sentimento que desperte. (E cá estou divagando novamente sobre dor.)
Pois bem, me traga algo - não é preciso que valha muito - pelo qual eu possa viver e morrer, e será abençoado pelo meu agradecimento momentâneo. Efêmero pois, após certo tempo minha tendência é cansar; deixar de lado isso pelo qual eu mataria e procurar outras coisas para dedicar minhas pobres palavras.
Saiba, grande parte das ações humanas giram em torno do próprio ego, o que me deixa perplexa. Somos todos tão ferrados e estamos todos mais que destinado ao inferno, que, isso não é menos que encenação para a vida após a morte. Entenda: um enorme e praticamente incorrigível erro da humanidade é a descrença. E uma mentalidade que reina sobre nós é a incapacidade, assim, temos que colocar esforço em nós mesmos para que, após a crença em si ter criado raíz, podermos interagir socialmente sem medos ou repulsas.
Comigo é diferente, mas isso merece atenção posterior - quem sabe tardia -, já que agora o vento já me bagunçou e resfriou o suficiente. Deixo a lapiseira e o papel para enfrentar rotina adolescente, deixo palavras e ideias complexas para me enfiar em classes de aula e ainda deixo um pouco do esforço aqui, prostado em folha de papel e página virtual, para não dizerem que não tentei.