sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nua

Abro o chuveiro: desabo. Sinto toda a força da água, chegando fria em mim, mas não sinto as lágrimas. Entenda, é muita água caindo no teu rosto quando você está sentada num box. E é tanta dor que você quer que saia de você mas nem tanta água consegue tirá-la de ti.
(Eu não tenho muita coisa pra dizer. Não tenho muita pra mostrar. Tenho só esse buraco e essa vontade de não te perder, nunca. Tenho essa necessidade de você - e não é figurada -  e tanta tanta tanta dor e vontade e necessidade e... Eu não sei muito o que fazer.)
Fico lá, sentindo a água, o frio da  parede e segurando meus joelhos. Fico lá, frágil, nua, chorando. Fico, e ela chega - porque nunca demoro tanto pra tomar um banho. Chega e me pergunta o que foi, eu digo, pede pra eu me acalmar, tomar banho, me dá shampoo e sabonete. Me dá serenidade. Ela sai.
(E sabe, eu não sei como mas eu não posso ficar sem você e é sério, mesmo que eu seja horrível, eu só quero ter você. Eu to me esforçando muito, sério. E nunca me esforcei desse jeito. E quero passar por todas essas coisas do teu lado e quero que você acredite e confie em mim, porque a única coisa que importa é você.)
Ainda fico lá um pouco. Ainda choro um pouco. Parede, água, joelhos, lágrimas. Decido levantar e o faço devagar. A água fica mais quente e eu a prefiro assim. Termino o que tenho de fazer. Olho para a parede, para a janela, para baixo. Vejo meus pés e os mexo. Vejo a água e ela vai caindo rápido da minha cabeça para o meu corpo e o chão. As gotas escorrem e eu as observo.
(E eu não sei mais de quantas maneiras dizer isso, mas eu só queria não fazer tudo errado, como sempre. Eu queria não parecer e não ser tão ruim e continuar fazendo por você tudo o que faz por mim, eu... Não sei mais. Não sei como te mostrar que se você for, eu vou também.)
Fico em pé, olhando para os meus pés. Ignoro meu corpo e os mexo continuadamente, todos os dedos. Olho para o teto. Choro. Engulo, abro a janela e o box. Pego a toalha, cheiro enquanto encosto no rosto e passo no cabelo. Passo mais tempo me secando que o normal. Me olho no espelho e tento memorizar. Limpo meu nariz e dói, porque tenho feito isso em excesso.
(E mesmo que não acredite, eu entendo, sei como é acordar todo dia e olhar pra si mesma e não gostar nem um pouco do que vê e como são as formas e sei que dói e você quer sair, quer fugir, quer se rasgar pra ver se consegue sair da "carcaça" mas não há nenhuma carcaça de verdade. Às vezes eu queria não fazer tanto alarde mas não dá pra eu cogitar uma vida sem você e sem te ver, sem acordar contigo, sem fazer você sorrir, sem tudo. Não dá).
Termino no banheiro. Vou pro quarto, coloco uma roupa. Ela me abraça, beija, diz que vai ficar tudo bem - mesmo que a gente saiba que vai ser difícil e talvez não fique tudo bem. Eu acredito, confio na palavra dela. Sei que ela vai fazer de tudo pra continuar aqui, mesmo que não queira. E vai aceitar minha ajuda porque é isso que as pessoas que se amam fazem, ajudam e aceitam ajuda.
(Me perdoa. Só isso, me perdoa, por tudo. Eu vou continuar me esforçando, muito mesmo por você. Porque não dá pra eu ficar sem você, e eu nunca falei tão sério na minha vida. E eu consigo esquecer as coisas ruins. Consigo ser melhor pra você, eu morro se não conseguir. Só, não me deixa sozinha, eu nunca ia conseguir continuar.)



terça-feira, 6 de março de 2012

Carta de amor nº 10

Quis escrever pra você poder ler todas as vezes que se sentir fraca, frágil ou sozinha e eu não estiver por perto pra te confortar com um abraço e um sorriso discreto. Estou escrevendo porque odeio de verdade os momentos em que você fica mal ou triste ou similar e não posso fazer nada. Bem, aqui vai minha presença.
Quero que lembre do quão lindo é teu sorriso quando não está nesses momentos. Que lembre que não há como valorizar a felicidade sem antes, ter passado pela tristeza. Que o meu amor por ti é maior do que qualquer outro sentimento que já tive por outra pessoa. Que a cor dos teus olhos é muito mais viva quando está alegre. Que a melhor lembrança que eu tenho de você é sorrindo com o rosto perto do meu, de manhã na cama. Quero que lembre que se já passou por tudo que passou, aguenta muito mais; e se achar que não, é só respirar fundo e continuar. Que não esqueça que não há nada mais valioso que a sinceridade - que eu tanto gosto em ti.
Eu queria escrever mais coisas bonitas aqui pra você, porque você é a única que realmente merece essas palavras doces e eu adoro o modo como age quando fica envergonhada. Mas eu não consigo. Quando paro pra falar de ti ou contigo é como se meu cérebro se bagunçasse e eu perdesse a noção do que devo te dizer, porque nada parece suficientemente bom.
O que eu realmente preciso dizer é que eu acredito em você. E não só na questão de não duvidar do que tu diz, mas em termos de acreditar em cada pequena qualidade tua. Acreditar na tua força, na tua coragem, nas tuas decisões e também na tua palavra. Se bem me entende, eu acredito que não há obstáculo pelo qual você não consiga passar, porque vejo tanto em você. Tanta sinceridade mista com delicadeza, mas também tanta maturidade e paciência. Eu te admiro tão demasiadamente que não consigo colocar nada em ordem pra te motivar.
Mas eu vou continuar tentando, por quanto tempo você me permitir. Vou lhe dizer quantas vezes forem necessárias que tu é linda, que eu to aqui pra qualquer coisa que precisar, que fazer parte da tua vida me faz uma mulher muito feliz e que não tem nenhum momento que eu não queira dividir contigo. E eu vou te dizer quantas vezes você quiser ouvir "Eu to aqui e nada vai me fazer te deixar".


Amor, Junne.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carta de amor nº 09

Quando eu penso na gente parece que não teve um começo concreto e nem que o fim será tão forte, como se tudo tivesse se misturado, o que nos deu essa liberdade de não nos rotularmos. É interessante, ao mesmo tempo em que sabemos que não somos só uma das coisas das quais somos taxadas, as pessoas se perdem tentando nos entender e isso nos dá mais tempo pra pensarmos no quão bem estamos - e prolongar o sentimento.
Eu poderia escrever por anos. Sobre tua pele e teus machucados, teu cabelo e teu cheiro, sobre a incrível necessidade que eu tenho de cuidar de ti e o modo como me abraça forte mesmo dormindo. Sobre toda essa felicidade que eu sinto só de te olhar, toda essa força que eu sinto quando estou contigo e essa naturalidade que surge quando estamos juntas. E o modo como parecemos mais calmas e todos veem a alegria nos nossos olhos, o jeito como nossos carinhos bobos se misturam com conversas sérias e também como os nossos piores segredos viram motivo de risada e mais declarações. 
Mas hoje eu só quero escrever pra te agradecer. Pelos beijos, que são tão intensos. Pelos abraços acolhedores. Os sorrisos que me fazem sorrir também, e isso, automaticamente. Pelas massagens aliviantes. Os conselhos verdadeiros. A amizade não forçada. Pelo carinho. Por lutar por mim. Por me deixar cuidar de ti. Por ser tão cheirosa e ter um cabelo tão bom ao toque. Por acender meu cigarro sempre que pode. Por fazer as horas serem mera circunstância quando estou contigo.
E não importa quantas vezes eu tenha de dizer, eu direi. Eu grito à todos se é realmente o que eles querem ouvir. Eu quis e quero você, e não vou abdicar disso tão cedo. Mesmo que muitos estejam contra nós e mesmo que parte do meu passado tenha que ser esquecida, vale muito a pena ter você do meu lado. E sabe por que? Porque nada se compara à acordar vendo teu sorriso na cama de manhã e nada vai me impedir de beijar teu ombro enquanto andamos na rua de mãos dadas. Ninguém pode me fazer sentir errada por ter conquistado você e nem por ser feliz contigo. 
Eu te amo, te amo, te amo. É incrível quando olhamos nossa história e vemos como se tornou um sentimento tão forte e tão rápido. É incrível, de verdade. Tudo isso, você e ter você. Passar pelos obstáculos sem sentir que você vai me deixar. Parece tudo tão certo que eu realmente não quero que acabe.


Amor, Junne. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Happy valentine's day

Quero que acredite que não estou fazendo isso por obrigação, porque disse que ia fazer. Na verdade, você é a primeira pessoa que é notificada que eu iria escrever algo sobre ti - não sei dizer se isso é bom ou ruim. Mas basta de coisas ruins, elas estão presentes - ela, mais precisamente - na vida real e esse texto não precisa ser tão cruel.
Essa dissertação é sobre amor, confiança e admiração. É sobre o teu sorriso, tua coragem e tuas frases prontas. Isso tudo que estará escrito aqui, é sobre você.
E não somente sobre o que você é, mas também sobre o que me faz sentir. Sobre a serenidade que trago no rosto quando tenho você do lado, o sorriso bobo que toma a face quando diz algo e a calma que exala quando vejo que está de fato bem. É necessário dizer - mais uma vez, depois de tantas e antes de várias outras - o quão feliz fico quando penso ou estou contigo? Se for, aí está.
Ao mesmo tempo que parece óbvio, é diferente, o modo como ficamos juntas. É curioso até, carinho demais, amor demais, emoção demais; entretanto, esse excesso não estraga, só alimenta e sustenta. O nosso convívio dá energia pra toda uma semana ao mesmo tempo em que a falta acaba com o resto dessa. A contradição nos faz felizes, a dor em meio às gargalhadas, a preocupação entre os beijos e as palavras que mostram sentimentos fortes ditas na suavidade da companhia, nos mostra que mesmo com empecilhos, temos força uma na outra pra continuarmos juntas.
Mas tem tantas coisas boas, sabe? Como o modo que minha mão procura a tua quando estou do teu lado ou o jeito protetor com o qual beija minha testa. Assim como você sorrir após eu dizer 'Nada' quando pergunta 'O que foi?' depois que te olho por muito tempo - e, veja bem, é só porque quando uma coisa é bonita demais, nós tendemos a decorar os detalhes e não conseguir deixar de encarar -, ou quando acaba por me incluir na tua vida, contando-me teus segredos e até quando te abraço e me estico pra beijar tua nuca enquanto lava a louça. Sei que são coisas pequenas mas aprendi a ver beleza em cada uma delas, logo, você é tudo que há de belo na minha vida agora.
Tem o respeito também, que é derivado da confiança. Tem o alívio que é te ver e poder te abraçar depois de algum acontecimento ruim. Tem as noites em que posso dormir contigo, mesmo que seja apenas um cochilo de 1h. Tem os momentos em que mesmo que eu me esforce pra não desafinar você acaba me elogiando. Quando eu consigo ver o sorriso que acabei de colocar no teu rosto. E, por mais clichê que pareça, quando alguém diz que combinamos ou fazemos um casal bonito.
Tem tanta coisa, meu amor, mas tanta. É curioso, eu nunca nem tinha me imaginado te beijando, agora sou uma guria feliz pra caralho do teu lado, te vendo como minha mulher, como a garota com a qual tenho essa dívida, uma vez que me faz tão bem. Que me faz feliz pelo simples fato de eu conseguir ser toda eu - toda tua - enquanto estou contigo, sem máscaras ou falta de liberdade. É incrível te ter.
Por fim eu queria te dizer - mais uma vez - que não existe intempérie que me tire você da mente. Que não há má pessoa, horário ou ameaça que me consiga tirar do teu efeito tão entorpecente, que me faça esquecer teu sorriso ou tua marcas, o modo como se veste ou o jeito como fala. E, obrigada por me permitir.


Amor, Junne.