segunda-feira, 14 de março de 2016

CID 10 F 41.2

Faz alguns dias que eu tenho tentado escrever e nada sai. Na verdade sai, mas tão bagunçado quanto a minha vida.
A primeira vez em que ouvi que dependeria de remédios pra viver, fiquei em choque. Eu não quero passar por isso, eu não posso e não aguento o julgamento. Aguentei até agora. Aguento mais? Boa pergunta.
É uma merda. É a pior merda possível que existe, travar batalhas internas apenas pra conseguir levantar da cama e tomar banho. Pra poder ir à aula, trabalhar, sair, sorrir. Eu sempre desejo que existisse uma pílula que curasse tudo isso. E pra mim, que já passei por muitos tratamentos de doenças "reais", acho que qualquer coisa não se compara à sua própria mente tentando te destruir.
Ao mesmo tempo em que quero sair, eu desejo morrer. Todo santo dia. A cada minuto e mais ainda quando acontece alguma coisa. Às vezes eu chego perto, mas se tem uma coisa que eu invejo nos suicidas é a coragem.
Eu vivo com duas pessoas dentro da minha cabeça, a boa e a má. Quase sempre eu consigo distinguir as duas mas tem ficado difícil.
A boa me diz que se eu lutei até agora, eu consigo mais ainda. Ela me diz que eu sou competente, que sou forte e iluminada. Diz que todo o bem que eu faço pro universo vai voltar pra mim, logo. 
A má me diz que eu sou um fardo, pra todos ao meu redor. Me diz que não importa o quanto eu tente, eu nunca vou me achar suficiente. Ela me fala sempre que ir embora seria apenas deixar todos em paz.
Eu não sou uma pessoa fácil. Levou um certo tempo pra eu perceber isso e ainda vai levar um certo tempo até eu parar de me culpar por todas as merdas ao meu redor.
A questão não é mais as merdas que acontecem ou as merdas que meu cérebro inventa sozinho. A questão é: aguento? Até quando?