domingo, 31 de julho de 2016

Poema 64

Vivemos sofrendo pelo amanhã 
Pois o ontem nos engoliu as forças 
Tentando aos poucos ficar sã 
Antes que o mundo me corroa
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Sorrindo além da desgraca 
Me entregando à qualquer distração 
Parece que a dor até passa 
E me sinto viva então 
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Não quero fazer um grande drama 
Cada um tem sua glória e carga 
Mas enquanto a força não me toma 
Eu sigo fugindo de ser devorada

sábado, 30 de julho de 2016

Poema 63

Eu não sei viver sem amor
O sentimento de mim transborda
Eu me encanto por cada calor
E admiro cada um que se importa
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O meu peito se abre ao notar
Minha pele responde ao toque
Ofereço até o que não posso doar
Vencendo o medo de que me machuque
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Não há sequer resquícios de arrependimento
Pois o meu carinho é sincero
De quando em quando apenas um lamento
Por aqueles que são feitos de concreto

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Poema 62

De repente eu sinto a força retomar 
Esqueci dessa dor sem dimensão 
Na bagunça consigo me localizar 
Com cada toque quente da tua mão 
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Às vezes me sinto culpada 
Por me abrigar em colos alheios 
Mas cada carinho é uma aliviada 
De todo tipo de bombardeio 
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Eu não quero viver de batalhas 
Há muito desejo ter paz 
Porém pareço não ter escolha 
Ao menos calmaria você me traz 

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Poema 61

Quantos poemas lhe escreverei 
Até poder viver em teus braços?
O choro da saudade virou lei 
Há corrosão no buraco deixado 
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Em qualquer ato é você que falta 
Meu corpo treme com a tristeza 
A angústia em si me exalta 
Nada mais vejo com clareza 
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Não conto as horas da data incerta 
Em que finalmente serei tua 
O meu peito cada vez mais aperta 
Mas minha dedicação é pura 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Poema 60

As noites tem sido mais curtas 
Eu deixei de esperar reciprocidade 
Ainda é minha esperança oculta 
Mas a frieza fere mais que a maldade 
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Você está em mim além dos poemas 
Cada pensamento te procura
Quero apenas que entenda 
Não há pra mim nenhuma cura 
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Me preparo calmamente pelo pior 
E talvez isso te alivie o peso 
Meu amor continuar maior 
Que qualquer tragedia que prevejo 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Poema 59

Eles me abraçam com força
Me beijam com carinho e desejo
Eles não sabem que o que quer que ocorra
Por ti ainda me rastejo
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Eu ouço frases repetidas
Que sou linda até ao chorar
Que sou pouco contida
Boa demais pra qualquer um amar
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O que me dói mais
Não é o tempo que te espero
É a falta da paz
A busca do abrigo eterno

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Poema 58

A pele dele também é quente
Mas não tem o cheiro de canela
O carinho ao teu remete
Mas de um jeito diferente me descabela
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O sotaque se mostra igual
Assim como às vezes em que me observa
A saudade que é quase brutal
Se oculta entre carinho e treva
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Uma hora desperto do momento
Porque afinal não é você
Chega a ser sem cabimento
Mas tua falta preciso esconder

domingo, 24 de julho de 2016

Poema 57

Onde veem apenas histórias 
Eu vejo um universo 
Absorvo cada oratória 
Como se fosse um verso 
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As dores do mundo sinto no coração 
Chego a esquecer da minha própria angústia 
Quando se somam perco a direção 
Acaba a força que por pouco resistia 
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Talvez por isso eu seja uma bagunça 
O sentir é algo complicado 
Com essa empatia eu fico confusa 
Não sei medir se é dom ou fardo 

sábado, 23 de julho de 2016

Poema 56

Me mexo de noite procurando teu peito
Lamento mais um dia tua falta
A saudade é maior que o desejo
A dor maior que a revolta
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Eu mal me equilibro sozinha
Já é difícil lembrar do teu cheiro
O riso quando me tinha
Nem parece meu inteiro 
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Choro esses sentimentos
Como se estivesse em pesar
Essa vida só me é tormento
Mas é teu vazio que me faz sangrar

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Poema 55

Não me abandone
Eu me esforço a não chorar todas as noites
Eu lhe acordo com beijos e cheiros
Eu te faço sentir o amor que tenho
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Não me abandone
Eu não quero suas palavras digitadas
Eu lhe imploro por pele e carinho
Eu tenho esperança em você
---
Não me abandone
Não me salve ou me cure
Mas me aperte e me faça rir
Me ajuda com a dor no peito
---
Não me abandone
Eu não sou de todo mal
Sei fazer café e massagem
E de noite te olho no escuro 
---
Me leve embora de qualquer lugar 
Mas me deixe viver no teu abraço
Tira a angústia desse meu coração
E planta esse amor que eu não conheço

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Poema 54

Você tem três olhares
Que se destacam nos teus trejeitos
De desejo, de carinho, de preocupação
E eu amo cada um deles
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Eu rio quando me faz chegar ao êxtase
E não consigo evitar olhar pra ti
Você me hipnotiza
Seus olhos são profundos como a libido
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Eu coro quando me encara
Mas ainda assim busco tua íris
A cor escura não é rígida
E nossos olhos se iluminam juntos
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Eu evito quando estou em crise
Você mergulha em mim por entre eles
Você sabe como lidar
No fim só quero me sentir dentro de ti
---
Você tem três olhares 
Que se destacam nos teus trejeitos
Me deixo invadir por cada um deles
Eu permito que me possua porque amo como me inunda

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Poema 53

Regurgito palavras atropeladas
Sobre dores e amores
Sorrio mesmo com a alma quebrada
Contando casos sem pudores
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Corro em busca de alívio
Para longe da amargura
Enlouqueço no convívio
Da agonia e da doçura
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Se esse mundo é sofrimento
Eu não quero mais viver
Ansiando aquele momento
Em que há esperança em te ter

terça-feira, 19 de julho de 2016

Poema 52

Acordo gritando de mais um pesadelo
Me debato tentando correr dos fantasmas
Percebo a solidão e congelo
Mais uma noite sem mim mesma
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O sorriso custa a formar no rosto
Pois há vozes na cabeça
Quando sai é meio torto
Espero que sua presença amorteça
---
No fim do dia a dor acorda
Quase não tenho como fugir
Acordada, a angústia transborda
Dormindo, em sonho vem me atingir

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Poema 51

Nós somos da geração que vive dopada 
Que foge e quer distância 
Nós questionamos o tudo e o nada
Nós esgotamos a esperança 
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Temos fantasmas e dores gigantes 
Nosso objetivo é apenas lidar com isso 
Lutamos e ainda somos errantes 
Não nos enganamos com a ideia do paraíso 
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Os entorpecentes e os desabafos 
Nos salvam da invalidez da loucura 
Somente com um trago ou um abraço 
Sobrevivemos à nossa alma obscura

domingo, 17 de julho de 2016

Poema 50

Não é uma metáfora quando digo que meu peito dói 
Sinto coisas demais e machucam de verdade 
Tenho esse buraco que somente corrói 
Todo o esforço para ter liberdade 
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Eu posso me dopar com atenção e carinho 
Mas eu sei que uma hora vai rasgar 
O amor que recebi se perde no ninho 
Meu coração teima em sangrar 
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O fogo é bem mais eficiente 
Mas eu não tenho trégua 
Passo algumas horas dormente 
Então de novo o desespero me leva

sábado, 16 de julho de 2016

Poema 49

Essa noite não terei sossego 
Sou somente dor e sono 
Nesse imenso descarrego 
Jorro tudo mas tenho retorno 
---
Me sinto mais do que aérea 
Quero paz desse monstro 
Suplico por entre misérias 
De conforto que encontro 
---
Cansei de chorar essas feridas 
Elas teimam em cicatrizar 
Eu sou essa rosa perdida 
No deserto com a morte a chegar

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Poema 48

Eu me afasto 
Choro porque estou perdida
Me embaraço 
Engasgo nessa coisa doída
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Eu sucumbo 
Minha mente me mastiga e engole 
Nesse mundo 
Tropeço entre hiberne e insone 
---
Eu não sou eu 
Alguns momentos tenho consciência 
O meu corpo se rendeu 
Mal resisto à essa forma de vivência

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Poema 47

Nesse caderno escrevo minhas angústias 
Tento traduzir em palavras esse aperto 
Não tenho mais rastros de valentia 
Corro em círculos e me perco 
---
Coisas boas não vingam em solo podre 
Vejo surgir a cada dia um novo peso 
Não há felicidade em que eu me enquadre 
Eu sou apenas um animal indefeso 
---
Mesmo com o dia raiando 
A minha luz já se apagou 
Eu durmo e acordo chorando 
Sem nem ao menos saber quem sou 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Poema 46

Eu ou a consciência nos alternamos 
Quando uma sai, a outra tenta permanecer
Sinto o peso do mundo me esmagando 
Mas na verdade estou a enlouquecer 
---
Muito além de insegura 
Me sinto mais desprotegida 
Eu me tornei essa criatura
Feita de choro e ferida
---
Estou a afogar nesse lago escuro 
E não há escapatória 
Eu me perco cada dia no percurso
Já não consigo mais ver a vitória 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Poema 45

Tem um buraco no meu peito 
Chego a pensar que esgotei as lágrimas 
Sinto o espaço na cama cada vez que deito 
E pensar na tua ausência me rasga a alma 
---
Tento dormir todas as horas do dia 
Pois se não sinto-me miserável 
Eu sou uma fonte de melancolia 
E você, o combustível adorável
---
Quero correr de encontro à ti 
Esquecer essa dor que vai e volta 
Quero teu colo e que me faça rir 
Me aninhar em você enquanto o coração salta

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Poema 44

Cada vez que eu acordo 
Penso que ainda estou em devaneio 
Finalmente você está ao meu lado 
E como tua, é meu inteiro 
---
Agora posso mergulhar em teu corpo 
Te mostrar o desejo guardado 
Mas ainda desabar em teu ombro 
E você sempre é melhor que o esperado
---
Eu mal tenho dizeres 
Seja em sexo ou conversa 
Em momentos de dor ou prazeres 
Saboreio tudo sem pressa

domingo, 10 de julho de 2016

Poema 43

É chegado o dia do encontro 
Meu sorriso mal cabe no rosto 
Cada hora a menos eu conto
E até da ansiedade eu gosto 
---
Eu ensaiei meus movimentos 
Mas ainda não a saudação 
Acontece que no momento 
Sei que perderei a noção 
---
Hoje não luto contra a aflição 
Eu saboreio a carga de adrenalina
É toda tua minha afeição 
E logo a espera termina 

sábado, 9 de julho de 2016

Poema 42

Meu coração não bate em compasso 
Ele possui vida própria 
Só de te ver é um embaraço 
Entre as válvulas há discórdia 
---
Sempre fomos um só 
Até mesmo distantes 
Eu lhe peço que tenha dó
Desse órgão errante 
---
Mesmo com o pulso desalinhado 
Ainda lhe afirmo meu amor 
Pois somente quando estou ao teu lado 
Meu corpo se perde nesse torpor 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Poema 41

Não existe abrigo 
Não há paz ou calmaria 
Existem falsos sorrisos 
E a esperança de um novo dia 
---
Corro até o ar faltar 
Mesmo assim não é suficiente 
Eu insisto em falhar 
Pois a dor é latente 
---
Os meus demônios se inquietam 
E devoram cada pedaço 
Eles gritam e sussurram 
E eu perdida, os abraço 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Poema 40

A maior dificuldade de nosso amor 
Dentre a falta e o fuso horário 
É tentar sobreviver à dor 
Quando não é você que está ao meu lado 
---
Você no seu desejo 
Se diverte com outras pessoas 
Mas eu me rastejo 
Me abrigo em alguma alma boa 
---
Então não faz mais sentido 
Pois eu clamo por teu consolo 
De repente eu desisto 
Meu coração por ti é tolo

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Poema 39

Fantasmas se deleitam com meu desespero 
Já não sei mais como lutar 
Em cada ataque eu fraquejo 
Lembranças me devoram sem hesitar 
---
Meu corpo responde automaticamente 
O peito arde na dor que choro 
A proposta de ajudar é envolvente 
Mas não há pessoa que me dê colo
---
De dia eu resisto contra o monstro 
Sorrio mas ele apenas adormece 
À noite me devora no lugar do sono
E apenas a angústia permanece

terça-feira, 5 de julho de 2016

Poema 38

Vejo sua mão em direção ao meu rosto 
Sinto o toque e fecho os olhos 
Sua barba dança por entre meu corpo 
Eu anseio pelo que virá logo 
---
Seus dedos percorrem minhas pernas 
De encontro à carne úmida 
Meu corpo arqueja e espera 
Quando toca a pele a respiração é súbita 
---
De repente em sonho você me toma 
Todo o meu ser está à sua mercê 
A loucura escorre e transborda 
Desperto com o pensamento ainda em você 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Poema 37

Tentando conciliar esses dois lados 
Como se o signo astrológico me definisse 
Sinto-me uma bomba relógio 
Contando os segundo até a próxima crise 
---
Em surto a razão me foge 
De repente sou o que não sou 
A angústia no peito explode 
Pois a dor intensa me cegou
---
Suspiro por debaixo da avalanche 
Tento respirar e voltar à realidade 
Somente espero que o peso desmanche 
E de mim mesma sinto saudade 

domingo, 3 de julho de 2016

Poema 36

Sonho acordada com tua pele é teu cheiro 
Sigo contando os dias até o encontro 
O fato é que você é um inteiro 
E eu sou pedaços que monto 
---
Minha mente toma rumos aleatórios 
Busco-lhe mas a força é tremenda 
De vez em quando estou num purgatório 
Ansiando que alguém compreenda 
---
Alguns dias quero me fechar para isso 
Pois me irrita o modo como me conhece 
Mas quando sinto tua falta, resisto 
As esperança reina e prevalece 

sábado, 2 de julho de 2016

Poema 35

Te quero como pássaros querem voar 
Ansiando a liberdade 
Meu sonho é te encantar 
Como faz com sua singularidade 
---
Te amo como as estrelas amam a lua 
Buscando a luz que lhes falta 
Sou tua, nua e crua 
Só de te ver meu coração salta 
---
Te vivo como a grama vive o sol 
Nessa singela dependência 
Mesmo escondida por entre o lençol 
Você acende minha carência 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Poema 34

Em cada penhasco eu mergulho
De cabeça e sem certeza 
Se o seu desejo é obscuro 
Eu lhe imploro pela clareza 
---
O sentimento nem sempre é bom 
O chão pode me quebrar em pedaços 
Não perco a essência nem o tom 
Há apenas um embaraço 
---
Não peço perdão por ser suicida 
O ato em si nem é real 
A queda do precipício me excita 
Sentir demais é o meu mal