domingo, 27 de novembro de 2016

Poema 182

Se tem algo que precisam saber é como essa coisa se alimenta do meu cérebro. Eu digo literalmente, porque eu esqueço coisas banais, eu tenho episódios de dissociação, eu choro praticamente todos os dias. Eu luto contra algo que não é palpável e não é curável.
---
Algo na minha cabeça me diz que eu não vou conseguir, seja chegar em casa quando estou tentando segurar uma crise no meio do caminho ou tirar nota em uma prova difícil. Esse algo me tira de mim, faz eu mesma me convencer de que eu não sei de nada e eu não vou sair dessa.
---
Eu tenho crises por tantos gatilhos que às vezes eu até demoro pra perceber como aquilo aconteceu e de onde surgiu. Eu choro, meu peito dói, eu não consigo respirar, eu tremo, eu faço planos pra acabar com tudo. Por horas. Por dias.
---
Eu não tenho pra onde correr, eu não tenho como me acalmar sem remédios, eu chego a pensar que eu não tenho solução. Quando eu acho que consigo dormir sem chorar, minha cabeça inventa algum motivo novo ou me faz reviver todas - absolutamente todas - as situações ruins pelas quais eu já passei. É uma retrospectiva frequente e torturante pra quem tem boa memória.
---
Eu não sei o que fazer, com a minha vida ou com a doença. Eu tento de tudo, e nada parece resolver meus problemas. Eu sou uma pessoa muito prática então a angústia da impotência também me come viva. É como se meu cérebro fosse uma máquina velha que só funciona quando quer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário